sábado, 10 de março de 2018

Como identificar a Dor Cervical e tratá-la com o Pilates?

Como identificar a Dor Cervical e tratá-la com o Pilates?






Nos últimos tempos, a dor nessa região tem se tornado frequente, provavelmente devido aos hábitos da vida moderna que promovem alterações no sistema postural.
Estima-se que 50% da população adulta vivenciará dor na região cervical em algum momento da vida e grande parte desses indivíduos apresentarão dor recorrente.
Portanto, isso significa que se você ainda não passou pela experiência de atender um paciente/aluno com dor na cervical, provavelmente passará! Mas não se preocupe, nesse texto vamos relembrar um pouco sobre a região cervical e conversar sobre os benefícios do Método Pilates para o tratamento dessa algia tão comum.

Relembrando a Anatomia da Coluna Cervical






A coluna cervical é capaz de realizar mais movimento do que qualquer outra parte da coluna e isso é possível graças a uma estrutura complexa composta por 37 articulações. Ela pode ser dividida em coluna cervical superior (que abrange C1 e C2) e coluna cervical inferior (que abrange o platô inferior de C2 até o platô superior de T1).
As sete vértebras cervicais possuem algumas peculiaridades. Elas são bem menores quando comparadas as outras vértebras móveis da coluna e possuem disco intervertebrais finos.
As vértebras C1, C2 e C7 são chamadas atípicas, pois possuem muitas diferenças em relação às outras, já as vértebras C3, C4, C5 e C6, chamadas vértebras típicas, possuem estrutura similar as demais vértebras da coluna vertebral, contendo corpo, processos transversos e processos espinhosos.
Nos processos transversos dessas vértebras há um forame por onde são alojados os vasos vertebrais e as projeções nervosas.
As vértebras atípicas C1 e C2 possuem formatos diferentes e a articulação delas proporcionam a rotação da cabeça sobre o restante da coluna cervical. A vértebra C1 ou atlas, não possui corpo e nem processo espinhoso, ela se articula com os côndilos occipitais e com a vértebra C2 ou áxis formando um pivô que possibilita a rotação.
Essa articulação é formada graças a uma projeção vertical localizada na parte anterior da vértebra áxis chamada processo odontóide que se encaixa na fóvea articular presente na superfície posterior da vértebra atlas.
Além de estruturas ósseas peculiares, a coluna cervical possui numerosos ligamentos. Eles protegem a coluna e as estruturas do canal medular de lesões, uma vez que conferem maior estabilidade as articulações.
Além dos ligamentos também temos o complexo muscular que é composto por numerosos músculos que sustentam e orientam o crânio. Esses músculos trabalham em uma relação de antagonismo e sinergia, promovendo movimentos de inclinação lateral, flexão anterior, extensão e rotação.

Biomecânica da Coluna Cervical






A biomecânica da coluna cervical é extremamente complexa, por isso iremos discuti-la resumidamente.
A coluna cervical superior é constituída pelas articulações atlantoccipital e atlantoaxial. A associação dessas articulações é capaz de prolongar os movimentos de flexão e extensão que ocorrem na coluna cervical inferior e também compensar e anular os componentes não desejados da região cervical inferior.
Quando pensamos na coluna cervical inferior é bom termos em mente que durante os movimentos de flexão o disco intervertebral é comprimido na porção anterior, fazendo com o que o núcleo pulposo migre na direção posterior.
O inverso ocorre durante o movimento de extensão, o disco é comprimido posteriormente e o núcleo pulposo é projetado para a porção anterior. Esses movimentos são limitados pelo contato de estruturas ósseas e pelos diversos ligamentos que estabilizam essa região.
Já os movimentos de inclinação ocorrem associados a uma rotação, ou seja, esses dois movimentos sempre ocorrerão juntos em um eixo de movimentos misto, os movimentos de inclinação sempre serão acompanhados de movimentos de rotação.
Eles são determinados pelo deslizamento das facetas articulares das vértebras, em um movimento de rotação.
Lembrem-se que esses movimentos são possíveis graças às ações musculares. Os músculos que atuam nessa região trabalham juntos, ou seja, mesmo que determinado músculo não seja o “ator” principal de determinado movimento, ele pode atuar como sinergista para que o movimento ocorra perfeitamente.
Portanto, uma disfunção muscular pode comprometer toda a região.

Equilíbrio da Cabeça e Postural






A cabeça fica em equilíbrio estável durante todo o tempo.
Podemos comparar a relação da cabeça e dos componentes que formam a região cervical a um sistema de alavanca de primeiro tipo, no qual o peso do crânio é a resistência que deve ser suportada pela força dos músculos da nuca.
Essa alavanca deve ser capaz de manter o crânio em equilíbrio.
A região cervical apresenta uma pequena curvatura quando vista de lado e sofre influências das curvaturas mais inferiores da coluna, ou seja, qualquer alteração postural nos segmentos torácico, lombar ou sacral pode repercutir na região cervical.
Todas as curvaturas fisiológicas devem ser flexíveis e são dependentes dos complexos ligamentares e musculares, além do tônus muscular para manter a posição ereta e realizar movimentos.
Portanto, os músculos da região cervical e dos demais seguimentos da coluna trabalham continuamente, mantendo um tônus permanente, para que a cabeça assuma uma posição centralizada em um plano horizontal.
Isso nos faz inferir que qualquer desordem nessa região ou ainda no restante da coluna podem colaborar para alterações posturais, uma vez que todos os componentes dessa região têm que trabalhar em perfeita sintonia a todo momento.

Dor Cervical







Identificar o problema causal de uma cervicalgia não é tão simples como parece.
A dor cervical geralmente está relacionada a inúmeros mecanismos decorrente de movimentos bruscos, esforço ou trauma e ainda a longa permanência em posições forçadas. Esses fatores podem predispor a desequilíbrios  nas estruturas da coluna atrapalhando as relações de antagonismo e sinergismo.
Apesar da dor ser um dos sintomas mais limitantes é comum encontrarmos outros sinais e sintomas durante a avaliação dos pacientes com cervicalgia, tais como:
  • Diminuição de Amplitude de Movimento Articular
  • Rigidez
  • Alteração Postural
  • Tensionamento Local
Esses sintomas podem ser agravados por movimentos cervicais bruscos e posturas sustentadas.
Considero sempre que as “posturas sustentadas” merecem nossa atenção. É muito comum a associação da dor cervical com as posturas assumidas nas atividades laborais, como horas em frente ao computador, sedentarismo ou longas jornadas na posição sentada.
Lembrem-se: Nosso corpo precisa de movimento, não fomos feitos para ficarmos imóveis!
Longas jornadas de trabalho com poucos períodos de descanso podem predispor a dores em várias regiões e a cervical é uma delas, por isso esteja sempre atento às atividades do seu paciente, pois o afastamento pode ser necessário bem como um programa de reeducação ou prevenção de lesões.
Resumidamente o mecanismo da dor começa com a liberação de mediadores pró inflamatórios e vasoconstritores, que estimulam nociceptores.
A dor cervical mecânica também pode ser originária de uma tensão muscular que surge em decorrência do acúmulo de ácido lático em virtude dos diversos fatores já mencionados acima, esse acúmulo pode levar a ativação de pontos sensíveis e desencadear a formação de nódulos de tensão que provocam dor mesmo sem o estímulo de palpação.
A dor, principalmente quando se torna crônica, pode predispor a disfunção muscular, promovendo alterações na estrutura física e no comportamento do músculo.
Portanto, alterações no trofismo podem estar presentes, bem como atividade muscular elevada.
Infelizmente, em alguns casos essas disfunções não afetam somente a região cervical, e o paciente também pode apresentar disfunções em outras regiões que podem estar relacionados a região cervical. Temos sempre que avaliar o nosso paciente como um todo e não apenas a local da queixa!

Como explicar os Benefícios do Pilates para quem tem Dor Cervical?






Muitas pessoas associam o Pilates somente ao tratamento da dor lombar e acham que o método não é direcionado a cervicalgia. Esse pensamento equivocado faz com que muitos pacientes não vejam o método como um recurso para tratamento da dor cervical.
O Pilates pode sim promover benefícios e ser um grande aliado para prevenção e controle da dor e demais disfunções.
No entanto, pacientes que sentem dor podem associar o exercício e a movimentação em geral como uma coisa ruim, uma vez que movimentar e mobilizar a região afetada pode ser doloroso princialmente.
Além disso, pacientes com dores crônicas podem apresentar inúmeras disfunções prejudicando a consciência corporal, o que dificulta a realização do exercício.
Nós como instrutores temos que mostrar ao paciente que o Pilates é um excelente instrumento para melhora da dor, organização da postura, reequilíbrio entre a região da coluna cervical e o restante da coluna, etc.

Então, como deve ser a conduta com esse tipo de paciente?

Bom, como instrutora tento sempre mostrar os benefícios do movimento e de uma vida mais ativa, principalmente naqueles pacientes/alunos que assumem posturas sustentadas por horas e horas durante as atividades laborais.
Mas antes de tudo, é importante a realização de uma boa anamnese e avaliação.
Esse momento é importantíssimo, pois é a partir desses achados iniciais que teremos ferramentas para traçar objetivos e montar uma conduta adequada.
Além disso, essa também é a hora de conquistarmos o paciente, principalmente aquele paciente resistente a novas terapias por medo da dor ou ainda aquele que já passou por inúmeros tratamentos.
Costumo sempre iniciar pelos princípios, pois além de serem essenciais para a execução correta do método eles permitem ao aluno um maior entendimento dos exercícios. Aos poucos, vou propondo exercícios simples que trabalham a mobilidade e consciência corporal que costuma estar alterada nesses pacientes.
Em geral, é comum observarmos que pacientes que relatam dor apresentam ansiedade, portanto, é necessária cautela durante a conduta, principalmente naqueles pacientes mais agitados.
Nesses casos a reeducação do movimento e a melhora da consciência corporal é extremamente importante, uma vez que o aumento do ritmo na execução dos exercícios ou a agitação pode influenciar na qualidade dos movimentos. Em alguns casos, um trabalho em conjunto com a psicologia pode apresentar ótimos resultados.

Concluindo…







Não é incomum recebermos pacientes com dor cervical, aliás esse parece ser um dos problemas mais prevalentes nos dias atuais.
Apesar da dor ser a queixa principal, ela geralmente está acompanhada de sinais e sintomas em outras partes do corpo, podendo predispor desequilíbrios posturais, dor em outras regiões, disfunções musculares, alterações na função, etc.
Como profissionais devemos instruir nossos pacientes/alunos a respeito da importância e da prevenção de patologias nessa região bem como dos benefícios do método Pilates como recurso para o condicionamento físico e tratamento da dor.





Pilates no Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese

Pilates no Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese







A dor na coluna vertebral atinge cerca de 80% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além disso, a dor na coluna lombar é uma das queixas mais frequentes em adultos na fase ativa, afetando negativamente a funcionalidade e a qualidade de vida destes indivíduos. Muitas dessas dores ocorrem devido às alterações estruturais e de posicionamento das vértebras, como no caso da espondilólise e espondilolistese.
A espondilolistese é um deslocamento anterior ou posterior de uma vértebra sobre a outra e, geralmente, está associada a uma progressão da espondilólise (defeito com descontinuidade óssea do segmento intervertebral).
Por esse motivo, estas duas condições clínicas normalmente são estudadas conjuntamente.
Um dos métodos mais indicados de tratamento da dor causada por essas condições é o Pilates.
Este Método pode ser empregado no tratamento da espondilólise e espondilolistese por meio do seu sistema único de exercícios lentos e progressivos, realizados no solo ou em aparelhos.
Eles proporcionam reeducação postural, equilíbrio muscular e melhora funcional, culminando na diminuição das dores lombares e da incidência de patologias da coluna através do fortalecimento da musculatura estabilizadora da coluna.
Este artigo abrange uma revisão para conhecimento e melhor entendimento da espondilólise e espondilolistese, e correlaciona-las ao Pilates como método eficaz para seu tratamento.

O que é Espondilólise?






A espondilólise pode ser definida como um defeito com descontinuidade óssea do segmento intervertebral na pars interarticulares, ou seja, na região da lâmina entre os processos articulares superiores e inferiores da vértebra.
Sua etiologia é multifatorial, podendo estar relacionada à idade, gênero, raça, herança genética e nível de atividade física, que geralmente se manifesta durante a fase de crescimento (de 8 a 20 anos) e durante o envelhecimento (de 60 a 80 anos).
Acredita-se que o mecanismo de lesão envolva movimentos repetitivos de hiperflexão, hiperextensão, e rotação da coluna, resultando em uma fratura por estresse na região. Atividades desportivas também podem causar este tipo de lesão.
Há também outra hipótese, nesse caso o indivíduo apresenta alterações congênitas ou alterações durante a primeira década de vida, tornando a região da pars articulares, mais suscetível à lesão. Em cerca de 90% dos casos o acometimento é na vertebra L5, seguido da vertebra L4, por serem regiões de maior estresse mecânico.
Pode ser assintomática, e em alguns casos o indivíduo nem sabe que possui este tipo de defeito na vértebra.
Porém, em outros casos pode se manifestar com dor intensa na região lombar que às vezes pode ser até incapacitante, dor exacerbada nos movimentos de hiperextensão da coluna, irradiação para membros inferiores, podendo apresentar hiperlordose lombar e contratura na fáscia toracolombar.
O diagnóstico pode ser feito por meio de uma radiografia simples da coluna lombar, onde pode-se ver a fratura da vértebra, e por meio da ressonância magnética que permite a visualização mais clara de todas as estruturas articulares, musculares e inervação envolvidos.

O que é Espondilolistese?






A espondilolistese pode ser definida como uma subluxação das vértebras adjacentes, tanto no sentido anterior como no posterior. Apresenta maior prevalência em homens brancos, jovens e atletas, sendo que em 85% dos casos acomete os segmentos L5-S1.
Indivíduos que praticam atividades que aumentam a lordose lombar e exigem hiperextensão ou hiperflexão da coluna como ginástica, levantamento de peso, lutas, mergulho, vôlei são mais propensos a desenvolver espondilólise e espondilolistese.
Pode ser classificada de acordo com a etiologia do escorregamento vértebra (segundo Wiltse, Newman e Macnab):
  • Espondilolistese Displásica: decorrente a uma má formação congênita da vertebra ou dos arcos posteriores. Os sintomas se desenvolvem após 8 anos.
  • Espondilolistese Ístmica: forma mais comum, resultante da espondilólise, ou seja, o deslocamento da vértebra é decorrente do defeito da pars articulares. Em torno de 50 a 80% dos casos a espondilólise evolui para uma espondilolistese.
  • Espondilolistese Degenerativa: resultante da instabilidade da coluna, doenças discais e/ ou degeneração decorrente do envelhecimento. Sua incidência é maior em mulheres acima de 40 anos.
  • Espondilolistese Traumática: resultante de fraturas em qualquer segmento vertebral, por traumatismo agudo. Geralmente o tratamento responde bem com imobilização.
  • Espondilolistese Patológica: é o tipo mais raro, a degeneração da articulação é decorrente a doenças reumatológicas, autoimunes ou tumorais.
Outra classificação muito utilizada é feita de acordo com o grau de deslizamento das vértebras, que indicarão o grau de comprometimento e evolução da patologia. Sendo que:
  • Grau I envolve 25% de deslizamento
  • Grau II de 25 a 50% de deslizamento
  • Grau III de 50 a 75% de deslizamento
  • Grau IV de 75 a 100% de deslizamento
Quando há o deslizamento completo da vértebra, também chamado de espondiloptose. O grau de deslizamento das vértebras está diretamente relacionado à escolha do tratamento adequado para a lesão.
A espondilolistese pode evoluir de maneira assintomática, porém quando os sintomas estão presentes envolvem:
  1. Dor lombar forte – que se acentua em pé, ao caminhar e nos movimentos de hiperextensão total da coluna
  2. Dor ciática com irradiação para membros inferiores
  3. Parestesia
  4. Redução da flexibilidade e das amplitudes de movimento
  5. Fraqueza muscular (principalmente de abdominal)
  6. Retroversão da pelve e tensão de isquiotibiais – causando limitação funcional, afastamento da prática desportiva e também afetando as atividades de vida diária (como descer e subir escadas, dificuldade em andar e permanecer sentado por longos períodos, entre outros).
À palpação pode-se observar um degrau entre o processo espinhoso das vértebras lombares acometidas.
O diagnóstico é confirmado, como na espondilólise, por meio de uma radiografia convencional, mas quando necessário, pode-se complementar com exames de ressonância magnética, cintilografia óssea, e tomografia computadorizada.

Formas de Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese





Na grande maioria dos casos o tratamento conservador é a escolha inicial, e tem como objetivo promover analgesia, restaurar as amplitudes de movimento e a função e estabilizar a coluna vertebral.
Consiste basicamente no uso de medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios ou relaxantes musculares), na fisioterapia convencional (eletroterapia, termoterapia, cinesioterapia e hidroterapia), nas técnicas de terapias manuais (massoterapia, acupuntura, quiropraxia e osteopatia), e na reabilitação por meio de exercícios, onde se encaixa o Método Pilates.
O uso do colete lombar também é indicado em alguns casos, para imobilizar e/ ou estabilizar a coluna, evitando assim, esforços na região durante a realização de algumas atividades diárias.
O tratamento cirúrgico só é indicado em torno de 30% dos casos, quando o tratamento conservador não foi eficaz ou quando o grau de deslocamento da vértebra é muito grande e com o agravamento dos sintomas.
Consiste na maior parte dos casos na artrodese da coluna, ou seja, a fixação das vértebras afetadas, com o intuito de eliminar os sintomas dolorosos e os movimentos das vértebras e, portanto, evitar o deslocamento vertebral e a progressão da espondilólise e espondilolistese.

Como o Pilates auxilia no Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese

O Pilates, desde sua criação, é um método que pode ser empregado na reabilitação de diversas patologias, e hoje em dia é um dos métodos mais indicados quando se trata de reabilitação da coluna.
Sendo assim, o Pilates pode aliviar os sintomas da espondilólise e espondilolistese por meio de um conjunto de exercícios específicos que fortalece a musculatura proporcionando estabilidade à coluna lombar, equilíbrio muscular, mobilização articular e melhora da postura.
Isto se deve ao fato de exigir constantemente a ativação do powerhouse associado à mecânica respiratória durante todos os exercícios promovendo estabilização dinâmica e estática da coluna durante a execução dos exercícios.
Os exercícios de alongamento e fortalecimento do Pilates enfatizam o trabalho da musculatura estabilizadora de coluna (cadeia posterior, paravertebrais e abdominais), promovendo alinhamento e estabilização vertebral, evitando a evolução do deslizamento da vértebra e consequentemente reduzindo o quadro álgico e melhorando a qualidade de vida do paciente.

Cuidados durante Tratamento de Espondilólise e Espondilolistese

Exercícios e posicionamentos que agravam os sintomas dolorosos na coluna devem ser evitados e/ou substituídos por outros, já que os exercícios de Pilates permitem adaptações.
Devemos prestar atenção com os pesos das molas, bem como na evolução dos exercícios, sempre respeitando a resposta do paciente ao exercício.
Os movimentos de extensão e hiperextensão da coluna lombar e sobrecarga de peso devem ser evitados, bem como movimentos e exercícios que causem impacto articular.
Em casos de praticantes de ginástica, lutas, vôlei, futebol americano, mergulho e levantamento de peso, a atividade deve ser imediatamente suspensa após o diagnóstico e durante o tratamento para favorecer a reabilitação.

Concluindo…








A espondilólise e a espondilolistese são condições que afetam a estrutura óssea das vértebras, com ou sem deslocamento, especialmente nos níveis de L5-S1 e L4-L5.
Elas podem se manifestar de maneira assintomática ou podem desencadear uma serie de sintomas dolorosos, limitações e comprometimentos neurológicos  e limitações funcionais na vida do indivíduo.
Nesses e em outros casos o Pilates mostra-se como um método eficaz para o tratamento de lesões na coluna, proporcionando alívio do quadro álgico, fortalecendo e estabilizando a musculatura da coluna.
Além de evitar a evolução da doença, permitindo que pacientes com espondilólise e espondilolistese consigam realizar suas atividades diárias sem restrições.






Tudo que você precisa saber sobre Lombalgia no Método Pilates!

Tudo que você precisa saber sobre Lombalgia no Método Pilates!






Atualmente, a lombalgia é considerada um problema tanto de saúde, quanto socioeconômico, representando uma das principais causas de incapacidade e absenteísmo no Brasil.
A estimativa é que até 84% dos adultos sofrerão pelo menos um episódio de dor lombar em suas vidas. Além disso, cerca de 40% desses pacientes desenvolverão cronicidade do caso, ou seja, dor lombar com duração superior a três meses. Segundo, MEIRA et al. 2012, no Brasil, cerca de 10 milhões de brasileiros já estão incapacitados.
A dor na região lombar ou lombalgia, como é conhecida, é a condição musculoesquelética mais comum na sociedade. A dor na maioria das vezes chega a incapacitar as atividades diárias (AVD’s), como os trabalhos domésticos, escovar os dentes, amarrar um sapato, dirigir, trabalhar muito tempo sentado entre outras.
Essas dores podem até impedir a realização de suas atividades no trabalho o que leva o afastamento da função. Os índices de pessoas em situação de perícia médica (o conhecido “encostado do INSS”) devido à lombalgia crescem exponencialmente nos estabelecimentos de saúde.
Sendo assim, se torna cada vez mais comum e prevalente os casos de pacientes que chegam aos Studios de Pilates queixando-se de dor lombar intensa e buscando um tratamento.
Visando auxiliar e direcionar profissionais que trabalham com o Método Pilates a revisar conceitos teóricos e práticos relacionados ao tratamento de lombalgia, fizemos um texto completo, com todas as informações necessárias para realizar um bom tratamento da lombalgia com o Pilates.

O que é a Lombalgia?






A lombalgia pode ser caracterizada como um quadro de dor, desconforto ou fadiga muscular localizada abaixo da margem das últimas costelas e acima das linhas glúteas inferiores.
Geralmente, as dores são caracterizadas por queimações, ligeiros desconfortos e crises que levam à incapacidade de permanecer ereto para caminhar ou, simplesmente, ficar em pé.
Além disso, pode ocorrer ou não irradiação para os membros inferiores, e em alguns casos também para a região inguinal e abdominal.
O diagnóstico dependerá de uma boa conversa com o paciente, além de um exame físico bem feito. Exames de imagem não costumam ser solicitados, mas podem ser essenciais para a confirmação ou descarte de uma suspeita.
A radiografia da região, normalmente, é solicitada nos casos de lombalgia persistente por mais de 4 semanas, de acordo com alguns guias de condutas.
É válido ressaltar que a lombalgia não deve ser considerada exclusivamente como uma patologia, mas sim um sintoma decorrente de uma alteração musculoesquelética ou neurológica.
Desta forma, os quadros de lombalgia podem ser classificados como:
  • Agudo (quando ocorre um início súbito e com duração menor ou igual a seis semanas)
  • Subagudo (com duração de seis a doze semanas), crônico (com duração superior a doze semanas)
  • Crônico agudizado (quando o início ocorreu há mais de três meses, houve remissão dos sintomas, e em seguida uma recidiva do quadro álgico caracterizando os chamados “períodos de crise”).

Tipos de Lombalgia






É importante lembrar que para a avaliação, questione seu paciente/alunos sobre a rotina em casa, no trabalho, na hora de lazer. Dessa forma, não será difícil identificar o tipo e a classificação da lombalgia.
Sendo assim, vamos às classificações, lembrando que ela pode ser classificada de acordo com a sua duração.

Lombalgia Aguda

É a mais comum. Aparece rapidamente e pode ser tratada apenas com repouso. É uma condição recorrente. Apesar de 90% dos pacientes relatarem melhora do quadro álgico espontaneamente em 4 a 7 semanas, há tendência de os sintomas dolorosos reaparecerem. Inclusive, durante o período de um ano, mais de 50% dos pacientes com lombalgia aguda podem apresentar novo episódio.

Lombalgia Crônica

É caracterizada por dor e por uma síndrome incapacitante, que perdura após o terceiro mês. Muitas vezes, tem início impreciso e quadros instáveis e recorrentes de melhora e piora.

Lombalgia Mecânica Comum ou Lombalgia Inespecífica

Nesse caso, não se acha um fundamento para a causa, é a forma anatomoclínica inicial de apresentação e a mais prevalente das causas de natureza mecânico-degenerativa.
Uma característica importante da lombalgia inespecífica é o desequilíbrio do centro de gravidade corporal durante movimentos funcionais, ou seja, ocorre um desequilíbrio entre a carga funcional – que representa o esforço requerido para realização de atividades laborais ou de vida diária – e a capacidade funcional – que representa o potencial para execução destas atividades.
Outros elementos presentes no quadro da lombalgia inespecífica são:
  1. Dor com sensação de peso
  2. Piora do quadro com esforço físico (principalmente à tarde)
  3. Alívio com o repouso
  4. Ausência de alterações neurológicas e de contratura muscular
  5. Ausência de postura antálgica, havendo associação com hábitos de sedentarismo e adoção de posturas inadequadas.
  • Lombalgia Específica: É aquela relacionada com alguma causa morfopatológica, como as hérnias discais, espondilolistese, estenose do canal raquidiano, tumores, fraturas vertebrais, infecções e doenças inflamatórias da coluna lombar. É diagnosticada em menos de 15% dos casos.
  • Lombalgia Ocupacional: Causada por trabalhos que exigem muito tempo sentado ou em pé, excessivo carregamento de carga, vibração, posturas não ergonômicas.
O quadro tende a se agravar se o indivíduo não tiver um preparo físico ou peso ideal para exercer as atividades.
Deste modo, com uma cuidadosa e minuciosa avaliação você poderá orientar seus pacientes, informando as posturas corretas que poderão ser utilizadas tanto nas atividades de vida diárias (AVD’s) como na profissional.

Quais as Principais Causas da Lombalgia?






A lombalgia tem como causas algumas condições como:
  • Congênitas
  • Degenerativas
  • Inflamatórias
  • Infecciosas
  • Tumorais
  • Mecânico-Posturais – esta última (já citada anteriormente como lombalgia inespecífica) representa a maior parte das dores relacionadas à coluna que são referidas pela população.
Portanto, a lombalgia não decorre somente de doenças específicas, mas sim de um conjunto de causas, como por exemplo, fatores sócio-demográficos (idade, sexo, renda e escolaridade), comportamentais (fumo – já que o tabagismo influencia na nutrição do disco intervertebral aumentando sua chance de degeneração, tornando mais frequente a incidência de dor lombar – e o sedentarismo).
Dentre as principais causas mecânico-posturais, podem ser citadas as seguintes:
  • Atitudes Habituais ou Laborais (permanência em bipedestação ou sedestação por tempo prolongado)
  • Obesidade
  • Abdome em Pêndulo
  • Visceroptose
  • Desvios Posturais em Geral – ascendentes ou descendentes – que causam uma distribuição desigual da pressão (no caso da obesidade um aumento da pressão) sobre as estruturas (como discos intervertebrais, raízes nervosas, articulações interapofisárias, e ligamentos intervertebrais) gerando o quadro álgico.
Além desse aumento de pressão sobre as estruturas acima citadas, o paciente obeso apresenta ainda a flacidez e a distensão da parede abdominal impedindo um suporte adequado para a coluna vertebral.
Porém, sexo feminino, idade superior a 45 anos, alcoolismo, tabagismo, fatores psicológicos e profissionais, são as principais condições de risco, segundo o programa nacional de doenças reumáticas.

Método Pilates pode auxiliar no Tratamento







Diversos estudos comprovam a efetividade da prática de exercícios físicos supervisionados por profissionais devidamente habilitados no tratamento da lombalgia, mais especificamente nos quadros crônicos.
Alguns estudos demonstram que nestes casos há uma redução na área de secção transversa em músculos específicos (como os multifídos e o transverso abdominal), além do retardo no tempo de ativação destes músculos.
A elaboração de um programa de exercícios que fortaleçam a musculatura abdominal e paravertebral irá atuar na melhora da relação de equilíbrio agonista – antagonista e, consequentemente, vai melhorar a dor, a postura e o equilíbrio, permitindo uma qualidade de vida melhor.
Isso porque os exercícios de Pilates são realizados seguindo os princípios do Método: concentração, centralização, fluidez, respiração, precisão, controle, consciência corporal e relaxamento. A partir desses princípios, desenvolve-se o equilíbrio musculoesquelético, a respiração apropriadal, o alinhamento postural e estabilização.
Mas o Pilates proporciona muito mais que estabilização.
O Método pode, através do controle motor e organização, garantir conforto e segurança na execução dos movimentos realizados ao longo do dia.
Para se ter uma ideia, o alongamento axial –  cuja finalidade é promover ideal e sincrônica movimentação da coluna vertebral, evitando desequilíbrios – pode explicar a diminuição de muitas dores na lombar baixa. E, com uma correta organização da coluna vertebral e de suas estruturas adjacentes, é possível evitar lesões.
Nesse contexto, trata-se nada mais, nada menos que da musculatura do core (ou Power House) – tão conhecido e trabalhado no dia-a-dia dos instrutores de Pilates. Vamos ver mais sobre a estabilização do Core.

Estabilização do Core







core pode ser descrito como a área entre a parte inferior da caixa torácica até uma linha que liga as articulações do quadril anteriormente à base das nádegas posteriormente.
Joseph Pilates  colocou grande ênfase no core, considerando-o um centro físico do corpo a partir do qual todos os movimentos de Pilates devem originar-se.
Muitos exercícios do Método Pilates são projetados para fortalecer o core e almeja-se mantê-lo funcionando de forma consistente ao longo de um determinado exercício. Se o core estiver sendo utilizado de modo adequado, os membros devem ser capazes de se mover de modo mais coordenado e interligado.
Pode-se pensar na estabilidade do core como a capacidade de manter a pelve e a coluna vertebral na posição desejada durante os movimentos dos membros ou de todo corpo pelo espaço, sem distorções ou compensações indesejadas.
Normalmente, se diz que alguém que não está mantendo o controle desejado sobre essa área em um dado movimento e que hiperestende a parte lombar da coluna vertebral ou move a pelve excessivamente, essa pessoa tem um core fraco ou demonstra má estabilidade ou mau controle do core.
Sendo assim, o fortalecimento do core proporcionado pelos exercícios do Método Pilates pode ser considerado como o ponto-chave para o tratamento da lombalgia.
A figura abaixo mostra os principais músculos que compõem a anatomia do core.
Ainda se tratando da estabilidade da musculatura do core, há descrições na literatura que afirmam que essa musculatura responsável pela estabilidade da coluna pode ser subdividida em dois sistemas:
1) Sistema Global – Que inclui o reto abdominal, oblíquo abdominal externo e a parte torácica lombar do ileocostal, e proporciona a estabilidade global do tronco.
2) Sistema Local – que é composto pelo multífido lombar, transverso abdominal, diafragma, fibras posteriores do oblíquo interno e quadrado lombar, responsáveis por fornecer estabilidade segmentar e controlar diretamente os segmentos lombares.
Estudos realizados por meio de ressonância magnética confirmam o fato de que a contração do transverso do abdômen, melhora a estabilização da região lombo-pélvica, o que contribui fortemente para a melhora da dor lombar. (Hides et al, 2006)
Sendo assim, considerando o exposto nos parágrafos acima, pode-se afirmar que a principal justificativa para o fato de o Pilates ser uma ferramenta tão importante na reabilitação de indivíduos com lombalgia, é a anatomia do corpo humano, visto que todos os princípios do método quando utilizados na reabilitação são baseados nas alterações anatômicas apresentadas em cada patologia ou sintoma álgico.

Avaliação do Quadro de Lombalgia Antes, Durante e Após o Pilates







Uma dúvida frequente entre os profissionais é saber como avaliar de maneira fidedigna a dor lombar, e saber se o Método Pilates realmente é eficaz como ferramenta de reabilitação. Pode-se dizer que há dois tipos de avaliação que podem fazer essa comparação de antes e após o tratamento com o pilates.
O primeiro tipo é uma avaliação qualitativa, ou seja, mais subjetiva, realizada por meio da aplicação de um questionário específico para lombalgia – o Questionário de Oswestry de Lombalgia.
Este questionário, além de avaliar a intensidade da dor, também inclui questões relacionadas à realização de AVD’s, como cuidados pessoais (vestir-se, tomar banho, etc.), levantar objetos, caminhar, sentar, ficar em pé, dormir, locomoção, vida sexual, e vida social.
Sendo assim, este questionário fornece informações importantes sobre como um método de tratamento pode influenciar na qualidade de vida do indivíduo que sofre com a lombalgia.
Outra forma subjetiva de avaliação é a Escala Visual Analógica (EVA), onde o paciente gradua sua dor dentro de uma escala que vai de zero (0) a dez (10), sendo que a menor graduação equivale à ausência de dor, e a maior graduação equivale à dor máxima referida pelo indivíduo.
Além das ferramentas de avaliação qualitativa citadas acima, o profissional também pode quantificar os resultados obtidos com o tratamento por meio do Método Pilates, utilizando uma avaliação quantitativa.

Mas como quantificar a dor?

Não necessariamente precisamos quantificar a dor, já que isso pode ser realizado por meio da EVA, citada acima. Mas é possível quantificar as mudanças ocorridas no ponto de vista postural e funcional.
Isso inclui principalmente uma avaliação postural do indivíduo (antes e após algumas sessões/aulas de pilates) – podendo inclusive utilizar algum software de avaliação postural para auxiliar nas medições e angulações mais precisas.
Bem como uma avaliação funcional geral (por meio de visualização ou até por gravação de imagens em vídeo), observando as alterações e compensações posturais que ocorrem em movimentos específicos, tais como o agachamento, a ponte, a prancha e a marcha.
Essa avaliação postural dinâmica para verificar as alterações que apresentadas durante a realização dos movimentos também é muito importante para saber em qual nível o indivíduo se encontra para realização dos exercícios de pilates (iniciante, intermediário ou avançado).
Avaliando também qual o grau de consciência corporal que esse indivíduo apresenta e como isso pode interferir na evolução dos exercícios.
Lembrando que o ideal é sempre iniciar as sessões/aulas com exercícios focados na estabilização da coluna lombar, garantindo assim a evolução do tratamento com a segurança de que a musculatura que precisa ser fortalecida encontra-se devidamente estabilizada, para então promover a melhora do quadro álgico.
É válido ainda ressaltar que antes de iniciar qualquer tratamento e exercício, é importante que o indivíduo passe pela avaliação de um profissional devidamente qualificado, principalmente médicos e fisioterapeutas.
Além disso que realize exames de imagem (raio-X e ressonância magnética) para caracterizar mais especificamente a origem da dor, direcionando melhor as escolhas do profissional para evolução do tratamento.

Exercícios de Prevenção da Lombalgia Através do Pilates






Para a prevenção da dor lombar, é fundamental não descuidar da postura, seja no trabalho, nos serviços domésticos e também durante a práticas de exercícios físicos
Isso porque se o alinhamento vertical da coluna vertebral estiver correto, o corpo realiza os movimentos de maneira muito mais eficaz, evitando a sobrecarga em determinadas regiões.
Neste contexto, o foco maior para a prevenção da dor lombar durante o Pilates é a manutenção da contração dos músculos do core, mais especificamente o transverso do abdome.
Desta forma, pode-se afirmar que todos exercícios do método Pilates, quando realizados de forma correta, com supervisão adequada e respeitando todos os seus princípios básicos, além de ser eficaz no tratamento da lombalgia, também tem importante atuação na prevenção de lesões e desconfortos.

Restrições de Exercícios para Pacientes com Lombalgia

Como já vimos, o Pilates é um dos melhores “remédios” para tratar a dor, especialmente a lombalgia. Mas, será que há contraindicações?
Alguns exercícios, principalmente os que utilizam a extensão da coluna com elevação dos membros inferiores e superiores, como o The Swan – Dive são prejudiciais para quem tem protusão discal ou hérnia discal. A carga imposta na lombar neste exercício é maior que 4.000 Newtons, ou seja, uma carga de aproximadamente 408Kg.
Então, sabemos que uma pequena flexão da coluna vertebral diminui o estresse aplicado sobre a articulação interapofisária e reduz o risco de lesão. Entretanto, a flexão com sobrecarga aumenta o risco de lesão.
As forças de cisalhamento sobre o disco intervertebral e articulações interapofisárias aumentam a sobrecarga em até 200% quando o movimento de torção é adicionado à flexão, gerando ainda mais lesão.
Deste modo, todos os exercícios que envolvam os movimentos de torção e flexão associados são expressamente contraindicados para pacientes com lombalgia.
Outro movimento em que se deve ter precaução durante sua realização é o agachamento com resistência. Seja das molas dos equipamentos ou outros dispositivos, visto que o agachamento com carga  também aumenta as forças de cisalhamento sobre as estruturas da coluna vertebral.
Porém, isso não significa que o agachamento não pode ser realizado, mas sim que os cuidados devem ser redobrados. Principalmente quanto ao posicionamento neutro da pelve sem aumentar a hiperlordose lombar durante o movimento.
Além disso, os alongamentos que comprimem o nervo ciático são contraindicados para quem tem dor lombar com irradiação para os membros inferiores. Isso acontece porque os nervos passam por dentro da musculatura e não superficialmente a eles, podendo ocorrer devido a uma lesão muscular que secundariamente acomete o nervo.
Portanto, ao alongar o músculo, esse nervo também é alongado diminuindo o seu calibre e dificultando ainda mais sua nutrição, causando dor devido a essa má nutrição tecidual.
Nossa dica é substituir os alongamentos na região do trajeto do nervo por mobilização neural, que é uma técnica que mobiliza o nervo através de movimentos específicos, efetivando a microcirculação intraneural.
Então, além de restrição de alguns exercícios, há também os cuidados no geral a serem tomados com esses pacientes…. Você sabe quais são eles?

Cuidados durante o Tratamento da Reabilitação da Lombalgia








O principal cuidado a ser tomado durante a realização dos exercícios para tratamento da lombalgia, está relacionado ao posicionamento neutro da pelve, com a finalidade de estabilização da coluna lombar por meio da ativação correta da musculatura do core.
Portanto, pode-se dizer que a chave para o sucesso do tratamento por meio do Pilates é a estabilização do tronco e a neutralidade da pelve, potencializando as contrações musculares adequadas e protegendo as articulações de sobrecargas excessivas causadoras de lesões.
Além disso, há alguns cuidados que o próprio paciente pode tomar no dia a dia, que vão contribuir para a eficácia do tratamento e diminuir as dores.
Orientar sobre as posturas durante a vida diária e profissional é de fundamental importância para o tratamento.
Não adianta o seu aluno passar três horas semanais realizando exercícios do Pilates para que após as aulas retomem as posturas incorretas que o levaram a causa da lombalgia.
Pensando nisso, vamos passar uma lista desses cuidados com a postura, que devem ser orientadas e realizadas desde a primeira aula de Pilates. Assim, antes, durante e depois da aula, os alunos não vão esquecer a lição: Postura Correta!

Levantar-se da Cama

Utilizar os músculos abdominais e os paravertebrais para se erguer pode gerar desconforto nas costas logo ao raiar do dia.
A forma correta, em vez disso, seria o de apoiar-se nos braços, enquanto coloca as pernas para fora da cama. Lembrando que os movimentos devem ser lentos ao acordar.

Amarrar os Sapatos

É proibido inclinar-se para frente afim de alcançar o cadarço.
Há quem sugira cruzar as pernas, porém, na prática, algumas pessoas têm dificuldades para chegar a essa posição, principalmente em ambos os lados. Uma alternativa simples para este problema é buscar um apoio que eleve o pé, sem precisar curvar-se para alcançá-lo.

Escovar os Dentes

Evite curvar-se para frente, abaixando demais a cabeça sem a contração abdominal.
Essa posição poderá causar uma sobrecarga no pescoço e na região lombar. O certo é inclinar-se um pouco para frente, de modo que o quadro gere essa inclinação e não a coluna. Contraia um pouco os músculos abdominais e apoie uma das mãos na pia e um dos pés em banco pequeno.



Usar o Computador

Um dos ambientes de trabalho que causam mais transtornos à coluna devido a postura incorreta em frente ao computador, é o escritório.
Em muitos lugares, os computadores não estão expostos da maneira ergonômica correta para cada profissional. Para isso, é necessário que o indivíduo se adapte e procure as melhores posições.
Comece pela tela: mantenha uma distância de um braço e alinhe o topo da tela com a sua linha de visão. Se você utiliza lentes progressivas, coloque o monitor um pouco mais abaixo, evitando a extensão do pescoço.
O encosto da cadeira deve estar sempre em contato com a lombar e bem próximo ao quadril. Os punhos devem ser apoiados em um lugar confortável.
Os cotovelos devem ser mantidos sempre apoiados, se a cadeira não apresenta brações reguláveis, mantenha-os na mesa. Os joelhos devem estar em um ângulo de 90 graus e os calcanhares mantidos no chão ou em uma rampa de apoio.

Dormir

Evite dormir em decúbito ventral, principalmente se você tem dores na coluna com irradiação do nervo ciático.
Procure dormir em decúbito lateral, utilizando um travesseiro na cabeça e outro entre os joelhos, preservando o alinhamento da coluna.

Pegar uma Criança no Colo

Quem é mãe sabe o quanto é bom chegar em casa após o trabalho e ser recebida com a alegria do seu filho em te ver.
Por isso, ao tirá-lo do chão e abraçá-lo, devemos ter alguns cuidados. Ajoelhe-se em vez de flexionar a coluna quando for envolvê-lo em seus braços. Na hora de se levantar, deixe-o bem junto ao seu tórax.

Dirigir

A região lombar está muito afastada do assento?
Isso faz com que todo o corpo perca o alinhamento adequado. Não deve ficar com a cabeça afastada do seu apoio, os joelhos muito flexionados, os pés ficam muito próximos dos pedais e as mãos ficam muito elevadas, causando tensão nos membros.
Use uma pequena almofada como suporte lombar para ficar mais confortável e evitar dores na coluna. Os joelhos devem estar alinhados com os quadris ou um pouco acima.
O corpo deve estar apoiado bem no assento e encosto do banco, o mais próximo possível de um ângulo de 90° graus. Os joelhos devem permanecer levemente flexionados, afim de que os pés consigam alcançar os pedais. Evite apoiar a cabeça no encosto, deixando-a na altura da mesma.
Os cotovelos do motorista devem ficar em uma leve flexão, de forma a garantir liberdade dos movimentos.

Concluindo…






Tendo em vista que a dor lombar  é considerada atualmente um dos principais problemas de saúde e socioeconômico em âmbito mundial, torna-se importante a existência de diversas ferramentas para o tratamento da mesma.
Dentre estas ferramentas encontra-se o Método Pilates que vem demonstrando grande eficácia nos casos de lombalgia principalmente pela adaptação utilizada durante a execução dos movimentos, sempre de acordo com a sintomatologia e a individualidade de cada paciente/aluno.
O principal fator responsável pela importância do Método Pilates no tratamento da lombalgia é o fortalecimento da musculatura do core, em especial o músculo transverso do abdome, que tem como função a estabilização da coluna vertebral.
Desta forma, o embasamento científico em aspectos morfológicos, biomecânicos e clínicos envolvidos no controle e estabilização do core, leva à conclusão de que a prática segura dos exercícios do Método Pilates é considerado eficaz no tratamento da lombalgia.
E é capaz de promover a integração corpo-mente, respeitando os limites de cada paciente/aluno e melhorando significativamente a qualidade de vida dos indivíduos.
Além de outros benefícios como melhora da força, da flexibilidade, da consciência corporal, da propriocepção….
Bem como o manter-se ativo, engajado em uma atividade física regular, tão importante para o controle dos quadros álgicos, mostrando-se mais uma opção nos recursos disponíveis para uma intervenção diferenciada e específica.