sábado, 10 de março de 2018

Pilates no Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese

Pilates no Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese







A dor na coluna vertebral atinge cerca de 80% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além disso, a dor na coluna lombar é uma das queixas mais frequentes em adultos na fase ativa, afetando negativamente a funcionalidade e a qualidade de vida destes indivíduos. Muitas dessas dores ocorrem devido às alterações estruturais e de posicionamento das vértebras, como no caso da espondilólise e espondilolistese.
A espondilolistese é um deslocamento anterior ou posterior de uma vértebra sobre a outra e, geralmente, está associada a uma progressão da espondilólise (defeito com descontinuidade óssea do segmento intervertebral).
Por esse motivo, estas duas condições clínicas normalmente são estudadas conjuntamente.
Um dos métodos mais indicados de tratamento da dor causada por essas condições é o Pilates.
Este Método pode ser empregado no tratamento da espondilólise e espondilolistese por meio do seu sistema único de exercícios lentos e progressivos, realizados no solo ou em aparelhos.
Eles proporcionam reeducação postural, equilíbrio muscular e melhora funcional, culminando na diminuição das dores lombares e da incidência de patologias da coluna através do fortalecimento da musculatura estabilizadora da coluna.
Este artigo abrange uma revisão para conhecimento e melhor entendimento da espondilólise e espondilolistese, e correlaciona-las ao Pilates como método eficaz para seu tratamento.

O que é Espondilólise?






A espondilólise pode ser definida como um defeito com descontinuidade óssea do segmento intervertebral na pars interarticulares, ou seja, na região da lâmina entre os processos articulares superiores e inferiores da vértebra.
Sua etiologia é multifatorial, podendo estar relacionada à idade, gênero, raça, herança genética e nível de atividade física, que geralmente se manifesta durante a fase de crescimento (de 8 a 20 anos) e durante o envelhecimento (de 60 a 80 anos).
Acredita-se que o mecanismo de lesão envolva movimentos repetitivos de hiperflexão, hiperextensão, e rotação da coluna, resultando em uma fratura por estresse na região. Atividades desportivas também podem causar este tipo de lesão.
Há também outra hipótese, nesse caso o indivíduo apresenta alterações congênitas ou alterações durante a primeira década de vida, tornando a região da pars articulares, mais suscetível à lesão. Em cerca de 90% dos casos o acometimento é na vertebra L5, seguido da vertebra L4, por serem regiões de maior estresse mecânico.
Pode ser assintomática, e em alguns casos o indivíduo nem sabe que possui este tipo de defeito na vértebra.
Porém, em outros casos pode se manifestar com dor intensa na região lombar que às vezes pode ser até incapacitante, dor exacerbada nos movimentos de hiperextensão da coluna, irradiação para membros inferiores, podendo apresentar hiperlordose lombar e contratura na fáscia toracolombar.
O diagnóstico pode ser feito por meio de uma radiografia simples da coluna lombar, onde pode-se ver a fratura da vértebra, e por meio da ressonância magnética que permite a visualização mais clara de todas as estruturas articulares, musculares e inervação envolvidos.

O que é Espondilolistese?






A espondilolistese pode ser definida como uma subluxação das vértebras adjacentes, tanto no sentido anterior como no posterior. Apresenta maior prevalência em homens brancos, jovens e atletas, sendo que em 85% dos casos acomete os segmentos L5-S1.
Indivíduos que praticam atividades que aumentam a lordose lombar e exigem hiperextensão ou hiperflexão da coluna como ginástica, levantamento de peso, lutas, mergulho, vôlei são mais propensos a desenvolver espondilólise e espondilolistese.
Pode ser classificada de acordo com a etiologia do escorregamento vértebra (segundo Wiltse, Newman e Macnab):
  • Espondilolistese Displásica: decorrente a uma má formação congênita da vertebra ou dos arcos posteriores. Os sintomas se desenvolvem após 8 anos.
  • Espondilolistese Ístmica: forma mais comum, resultante da espondilólise, ou seja, o deslocamento da vértebra é decorrente do defeito da pars articulares. Em torno de 50 a 80% dos casos a espondilólise evolui para uma espondilolistese.
  • Espondilolistese Degenerativa: resultante da instabilidade da coluna, doenças discais e/ ou degeneração decorrente do envelhecimento. Sua incidência é maior em mulheres acima de 40 anos.
  • Espondilolistese Traumática: resultante de fraturas em qualquer segmento vertebral, por traumatismo agudo. Geralmente o tratamento responde bem com imobilização.
  • Espondilolistese Patológica: é o tipo mais raro, a degeneração da articulação é decorrente a doenças reumatológicas, autoimunes ou tumorais.
Outra classificação muito utilizada é feita de acordo com o grau de deslizamento das vértebras, que indicarão o grau de comprometimento e evolução da patologia. Sendo que:
  • Grau I envolve 25% de deslizamento
  • Grau II de 25 a 50% de deslizamento
  • Grau III de 50 a 75% de deslizamento
  • Grau IV de 75 a 100% de deslizamento
Quando há o deslizamento completo da vértebra, também chamado de espondiloptose. O grau de deslizamento das vértebras está diretamente relacionado à escolha do tratamento adequado para a lesão.
A espondilolistese pode evoluir de maneira assintomática, porém quando os sintomas estão presentes envolvem:
  1. Dor lombar forte – que se acentua em pé, ao caminhar e nos movimentos de hiperextensão total da coluna
  2. Dor ciática com irradiação para membros inferiores
  3. Parestesia
  4. Redução da flexibilidade e das amplitudes de movimento
  5. Fraqueza muscular (principalmente de abdominal)
  6. Retroversão da pelve e tensão de isquiotibiais – causando limitação funcional, afastamento da prática desportiva e também afetando as atividades de vida diária (como descer e subir escadas, dificuldade em andar e permanecer sentado por longos períodos, entre outros).
À palpação pode-se observar um degrau entre o processo espinhoso das vértebras lombares acometidas.
O diagnóstico é confirmado, como na espondilólise, por meio de uma radiografia convencional, mas quando necessário, pode-se complementar com exames de ressonância magnética, cintilografia óssea, e tomografia computadorizada.

Formas de Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese





Na grande maioria dos casos o tratamento conservador é a escolha inicial, e tem como objetivo promover analgesia, restaurar as amplitudes de movimento e a função e estabilizar a coluna vertebral.
Consiste basicamente no uso de medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios ou relaxantes musculares), na fisioterapia convencional (eletroterapia, termoterapia, cinesioterapia e hidroterapia), nas técnicas de terapias manuais (massoterapia, acupuntura, quiropraxia e osteopatia), e na reabilitação por meio de exercícios, onde se encaixa o Método Pilates.
O uso do colete lombar também é indicado em alguns casos, para imobilizar e/ ou estabilizar a coluna, evitando assim, esforços na região durante a realização de algumas atividades diárias.
O tratamento cirúrgico só é indicado em torno de 30% dos casos, quando o tratamento conservador não foi eficaz ou quando o grau de deslocamento da vértebra é muito grande e com o agravamento dos sintomas.
Consiste na maior parte dos casos na artrodese da coluna, ou seja, a fixação das vértebras afetadas, com o intuito de eliminar os sintomas dolorosos e os movimentos das vértebras e, portanto, evitar o deslocamento vertebral e a progressão da espondilólise e espondilolistese.

Como o Pilates auxilia no Tratamento da Espondilólise e Espondilolistese

O Pilates, desde sua criação, é um método que pode ser empregado na reabilitação de diversas patologias, e hoje em dia é um dos métodos mais indicados quando se trata de reabilitação da coluna.
Sendo assim, o Pilates pode aliviar os sintomas da espondilólise e espondilolistese por meio de um conjunto de exercícios específicos que fortalece a musculatura proporcionando estabilidade à coluna lombar, equilíbrio muscular, mobilização articular e melhora da postura.
Isto se deve ao fato de exigir constantemente a ativação do powerhouse associado à mecânica respiratória durante todos os exercícios promovendo estabilização dinâmica e estática da coluna durante a execução dos exercícios.
Os exercícios de alongamento e fortalecimento do Pilates enfatizam o trabalho da musculatura estabilizadora de coluna (cadeia posterior, paravertebrais e abdominais), promovendo alinhamento e estabilização vertebral, evitando a evolução do deslizamento da vértebra e consequentemente reduzindo o quadro álgico e melhorando a qualidade de vida do paciente.

Cuidados durante Tratamento de Espondilólise e Espondilolistese

Exercícios e posicionamentos que agravam os sintomas dolorosos na coluna devem ser evitados e/ou substituídos por outros, já que os exercícios de Pilates permitem adaptações.
Devemos prestar atenção com os pesos das molas, bem como na evolução dos exercícios, sempre respeitando a resposta do paciente ao exercício.
Os movimentos de extensão e hiperextensão da coluna lombar e sobrecarga de peso devem ser evitados, bem como movimentos e exercícios que causem impacto articular.
Em casos de praticantes de ginástica, lutas, vôlei, futebol americano, mergulho e levantamento de peso, a atividade deve ser imediatamente suspensa após o diagnóstico e durante o tratamento para favorecer a reabilitação.

Concluindo…








A espondilólise e a espondilolistese são condições que afetam a estrutura óssea das vértebras, com ou sem deslocamento, especialmente nos níveis de L5-S1 e L4-L5.
Elas podem se manifestar de maneira assintomática ou podem desencadear uma serie de sintomas dolorosos, limitações e comprometimentos neurológicos  e limitações funcionais na vida do indivíduo.
Nesses e em outros casos o Pilates mostra-se como um método eficaz para o tratamento de lesões na coluna, proporcionando alívio do quadro álgico, fortalecendo e estabilizando a musculatura da coluna.
Além de evitar a evolução da doença, permitindo que pacientes com espondilólise e espondilolistese consigam realizar suas atividades diárias sem restrições.






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